HISTÓRIA DO PROJETO SAND
O projeto Sarilhos Grandes iniciou-se em 2008, no âmbito de uma intervenção de salvaguarda de uma empreitada da SIMARSUL, empresa do Grupo Águas de Portugal, que conduziu à descoberta de 21 enterramentos dos séculos XV-XVII. Desde então, uma equipa multidisciplinar tem realizado estudos com o objetivo de obter informações acerca da dieta e das doenças da população de Sarilhos Grandes.
Os dados alcançados até 2018 permitiram dar a conhecer uma amostra de população ribeirinha cujas investigações levaram à identificação alguns parasitas relacionados com a ingestão de carnes e de águas contaminadas, o consumo de batata, centeio/trigo, feijão ou grão-de-bico entre outros vegetais, bem como de crustáceos. Alguns destes achados, bem como do fungo Candida albicans, foram pela primeira vez identificados em território nacional nas cronologias em estudo.
A área escavada incidiu sobre uma necrópole cristã, caraterizada por sepultamentos em covachos, com corpos amortalhados sem espólio arqueológico associado, com excepção para o enterramento de uma criança que foi sepultada com um ceitil na mão.
Em 2020 foi aprovado pela Direção Geral do Património Cultural (DGPC) uma nova fase do projeto que contempla a escavação bio-arqueológica no interior da Ermida de Nossa Senhora da Piedade (panteão dos Cotrim) e do cemitério da Igreja de São Jorge, com o objetivo de recolher novos dados que permitam caraterizar a dieta, as patologias e os rituais funerários da população de Sarilhos Grandes, bem como identificar novos elementos de contatos com o Oriente e o Ocidente.