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Foto do escritorSarilhos Grandes

Histórias de Sarilhos / Sarilhos Stories

Atualizado: 7 de jul. de 2021

A 3 de Agosto de 1358, o rei D. Pedro I doava a Beatriz Dias, “minha criada […] a mha quintaa que eu ey em Sarilhos de Ribatejo a qual foi d’Álvaro Gonçalves”. Quem era era esta Beatriz Dias? Era uma das amantes preferidas do rei, e sabemos que D. Pedro terá tido várias depois da trágica morte de Inês de Castro, em 1355. Era tão importante na Corte que o monarca até lhe deixou uma soma de quatro mil libras em testamento. E quem era Álvaro Gonçalves, a quem pertencia a Quinta? Nada menos que um dos famosos assassinos de Inês de Castro, juntamente com Pedro Coelho. Depois de D. Pedro ter ascendido ao trono, os dois homens fugiram para Castela para evitar a fúria do rei, tendo este confiscado todos os seus bens, como é o caso da Quinta de Sarilhos. Contudo, este conseguiu extraditá-los através de um acordo com o rei castelhano D. Pedro, em 1360. É então famosa a cena, narrada pelo cronista Fernão Lopes, de que os mandou matar e arrancar os corações – no caso de Álvaro Gonçalves pelas costas. É neste contexto que o rei português doou a dita Quinta a Beatriz Dias, conforme se vê no registo de Chancelaria que aqui partilhamos. Infelizmente não conseguimos identificar a localização da Quinta em Sarilhos. Mas note-se que a doação era apenas durante a vida desta mulher. E o que aconteceu à Quinta depois da sua morte, em 1383?

Não perca a próxima rubrica do projecto!


Imagem: Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. Pedro I, fl. 135r.

Transcrição adaptada de Chancelarias Portuguesas. D. Pedro I (1357-1367), coord. A.H. de Oliveira Marques. Lisboa: INIC, 1984, p. 583.

Dom Pedro pella graça de Deus Rei de Portugal e do Algarve, a vos lourenço martinz almoxarife e ao meu scprivam de Setuval saude.

Sabede que eu querendo fazer graça e merçee a Beatriz Diaz mha Criada dou lhi a mha quintaa que eu ey em Sarilhos de Ribatejo a qual foi d’Alvaro Gonçallvez, por que vos mando vista esta carta que lha vaades logo entregar com todollos derectos que a ela pertecerem e de derecto devem perteencer assi como a eu ei que a tenha de mim em dias de sua vida dela.

E vos scrivam assi o escrevede em vosso livro omde al nom façades e a dicta Beatriz Diaz tenha esta carta.

Dante Óbidos (sic) tres dias d’Agosto, El Rei o mandou per Mestre Vasco das lex e per Joham Steves seus vassalos, Vasco de Belas a fez Era de mil trezentos noventa e seis anos

🇬🇧

On August 3, 1358, King Pedro I donated to Beatriz Dias, “my maid […] my Quinta (Estate) that I have in Sarilhos de Ribatejo which belonged to Álvaro Gonçalves”. Who was this Beatriz Dias? She was one of the king's favourite mistresses, and we know that D. Pedro had several after the tragic death of Inês de Castro, in 1355. She was so important at the Royal Court that the monarch even left her a sum of four thousand pounds in his will. And who was Álvaro Gonçalves, who owned this ‘Quinta’? No less than one of the famous murderers of Inês de Castro, along with Pedro Coelho. After D. Pedro was crowned, the two men fled to Castile to avoid the fury of the king, who confiscated all their properties, as is the case of Sarilhos’ Estate. However, he managed to extradite them through an agreement with the Castilian king D. Pedro, in 1360. The scene, narrated by the chronicler Fernão Lopes, where he ordered their death and to tear out their hearts, is famous – in the case of Álvaro Gonçalves by the back. It is in this context that the Portuguese king donated the said ‘Quinta’ to Beatriz Dias, as seen in the register of Chancellery that we share here. Unfortunately, we were unable to identify the location of the estate in Sarilhos. But note that the donation was only during this woman's lifetime. And what happened to the ‘Quinta’ after her death, in 1383? Don't miss out on the next episode of the project!

Image above: Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. Pedro I, fl. 135r. Transcription adapted from Chancelarias Portuguesas. D. Pedro I (1357-1367), coord. A.H. de Oliveira Marques. Lisboa: INIC, 1984, p. 583.

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